A história do relógio Tank da Cartier (Foto: Getty Images e Divulgação)
Todos os anos, clientes e fãs de alta-joalheria (e relojoaria) contam as horas para descobrir as novidades das grandes maisons de luxo na moda. Em 2023, seguindo uma renovação completa em sua boutique mais famosa de Paris, na Rue de la Paix, foi a Cartier quem dominou os holofotes, com o lançamento de novos modelos do Tank Française, inicialmente lançado em 1996 como parte da família de relógios Tank, que começou ainda em 1917, com o primeiro acessório lançado. Aqui, a Harper’s Bazaar não perde tempo e te conta tudo que você precisa saber sobre a história centenária do relógio Tank da Cartier e suas novas iterações luxuosas.
O design do relógio foi inspirado em tanques da Primeira Guerra Mundial
Se o nome não foi pista suficiente, a origem do nome “Tank” está diretamente ligada aos tanques militares da Primeira Guerra Mundial. Parte do exército francês, Louis Cartier, neto de Louis-François Cartier, fundador da maison em 1847, se inspirou nas máquinas bélicas para criar o modelo de relógio. À época, os franceses estavam fascinados pelas novas tecnologias de guerra, mas os primeiros tanques só começaram a aparecer em fotografias nos jornais do país em dezembro 1916, mais de dois anos depois do início dos conflitos.
Louis Cartier, neto do fundador e criador do Tank Cartier (Foto: Getty Images)
Originalmente convocado para servir exército em Bordeaux meses depois da invasão dos alemães na França, em 1914, Louis Cartier colocou os olhos nos veículos com antecedência. Por esse motivo, o primeiro modelo do Tank já estava pronto mesmo antes da Guerra acabar em 1918.
O relógio Tank revolucionou a moda masculina
Ainda que, uma década antes, a Cartier tenha lançado o relógio Santos, inspirado pelo amigo e aviador brasileiro Alberto Santos Dumont, a maison inovou com o lançamento do Tank – e um dos principais motores do sucesso foi uma ousadia gramatical. Ao invés de chamar o item de la Tank, seguindo a palavra feminina “montre” (relógio de pulso, em francês), Louis Cartier batizou o item de le Tank, deixando sua aura ainda mais masculina e convidativa para os homens que, acostumados com as tendências de estilo da época, associavam relógios menores às modas femininas, enquanto preferiam os relógios de bolso maiores.
O Tank Cartier original, em 1919 (Créditos: Divulgação)
Grandes ícones de estilo adotaram o Tank como assinatura pessoal
Assim como Santos Dumont se tornou um embaixador para o relógio Santos, a Cartier também encontrou figuras de estilo para transformarem o recém-lançado Tank em um item-desejo da sociedade. O primeiro deles, em 1918, teria sido o herói de guerra e general americano John ‘Black Jack’ Pershing, comandante da Força Expedicionária Americana no Fronte Oeste.
Boni de Castellane com o Tank Cartier, em 1918 (Foto: Getty Images)
Em salões mais elegantes, Boni de Castellane, o dandy excêntrico da Belle Époque parisiense, também adotou o Tank como relógio favorito e foi um dos primeiros a comprar o item, em 1919. Seguindo a moda, Jean Cocteau incluiu o modelo em seu guarda-roupa, que atravessou o Atlântico para inspirar Duke Ellington em suas performances de jazz nos palcos, com um Tank no pulso.
Duke Ellington com o Tank Cartier, c. 1930 (Foto: Getty Images)
Em 1926, a fama do relógio já era internacional e o ator Rudolph Valentino ignorou o anacronismo e insistiu em usar o item como parte de seu figurino no filme “O Filho do Sheik”, em que interpreta um príncipe árabe sedutor. Desde então, a presença do Tank é constante em Hollywood e já brilhou nos pulsos de Fred Astaire, George Clooney e Rami Malek, que dividiu a paixão pelo acessório com Catherine Deneuve, estrelando com ela a campanha mais recente da Cartier.
Rudolph Valentino com o Tank Cartier, em 1926, nas gravações de “O Filho do Sheik” (Foto: Getty Images)
O presidente dos EUA, John F. Kennedy, outro aficionado pelo item, comentou que o Tank “era o segundo melhor presente da França para a América desde a Estátua da Liberdade”. Décadas mais tarde, Andy Warhol também ficou famosos por uma frase a respeito do relógio: “Eu não uso um Tank para ver as horas… uso um porque é o relógio para se usar!”
Andy Warhol com o Tank Cartier, em 1973 (Foto: Getty Images)
O Tank da Cartier se tornou naturalmente um ícone feminino
Além de JFK, sua esposa, a primeira-dama Jackie Kennedy Onassis, também se tornou uma das fãs do modelo. Em 2017, um de seus exemplares foi vendido em leilão por quase 380 mil dólares (o triplo do valor estimado) e comprado por Kim Kardashian.
Jackie Kennedy com o Tank Cartier (Foto: Getty Images)
Antes mesmo de Jackie O, a Duquesa de Windsor, Wallis Simpson, havia uma versão do Tank para combinar com a de seu marido, o antigo rei Edward VIII da Inglaterra. Também entre a realeza, o modelo era um dos favoritos da Princesa Diana.
Princesa Diana com o Tank Cartier (Foto: Getty Images)
Já em Hollywood, Elizabeth Taylor era não apenas conhecida por sua coleção de Tanks, mas presentear seus muitos namorados e maridos com o relógio da Cartier.
Ingrid Bergman com o Tank Cartier, em 1967 (Foto: Getty Images)
Em 1996, a Cartier lançou o modelo Tank Française, que recebeu novas iterações em 2023
Depois de ser lançado com um dos modelos da família Tank, em 1996, o Tank Française ganhou novas versões esse ano.
Catherine Deneuve com um dos novos modelos do Tank Française, na campanha recente da Cartier (Foto: Divulgação)
As duas novas iterações, desenhadas pela diretora criativa da Cartier, Marie-Laure Cèrede, surgem em designs de aço e ouro amarelo, com ou sem diamantes, provando a versatilidade do modelo como um acessório casual ou inteiramente luxuoso.
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