fique ligada!

Hi, what are you looking for?

Ligada nas DicasLigada nas Dicas

Notícias

Mulheres que Inspiram: Ana Stela Cunha

mulheres-que-inspiram:-ana-stela-cunha

Foto: Divulgação
Ela é humanista em seu sentido mais literal. Ainda estudante de Letras, da Universidade de São Paulo, Ana Stela Cunha optou por línguas africanas. A formação estendeu-se para o mestrado e para o doutorado em Linguística Africana, também cursados na USP, com trabalho de campo dedicado à descrição da variedade do português falado nos quilombos do Maranhão.
SIGA A BAZAAR NO INSTAGRAM
“Não via um diálogo pertinente entre as teorias linguísticas e a prática. Foi daí que decidi, ao terminar o doutoramento, ir morar no quilombo de Damásio. Vivi ali por 18 meses, e pude desenvolver materiais didáticos adequados, além de criar projetos de dança, teatro, feminismo, biologia e conservação ambiental, tudo com a participação da comunidade”, conta sobre sua experiência.
“Em 2006, mudei-me para Cuba, depois de ter sido aprovada num edital do Ministério das Relações Exteriores, para dar aulas na Universidade de Havana. No meu retorno para o Brasil, postulei um projeto para o ‘Bumba Boi de Guimarães’ e fui capaz de elaborar outros com a finalidade de fortalecer o audiovisual com produções locais. Foi assim que dei início a uma carreira que se dividiu em duas ‘estradas paralelas’: de um lado a jornada acadêmica, que seguiu com o pós-doutoramento em Portugal, com parte dele sendo desenvolvido em Tervuren, na Bélgica, e uma outra mais atuante, que me permitiu frequentar países como Congo e Angola para promover interações com mulheres e minorias religiosas”, completa Ana Stela.
Foto: Divulgação
Nascida no interior paulista e criada ao lado de três irmãs com o apoio do avô materno, Ana Stela atualmente preside a Associação Kazumba, que trabalha com educação antirracista e migração, assim como coordena o CineExu, série de projeções do cinema afrocentrado, apresentado mensalmente em terreiros e espaços de fé que possibilitam a abordagem de pautas sobre diferentes vertentes do racismo – religioso, institucional, linguístico e de gênero. “Essa ideia começou há dois anos, numa área central de Lisboa ocupada por bacongos (africanos imigrantes provenientes do Congo e de Angola)”, explica.
Interligado aos terreiros afroportugueses, ela ainda atua no planejamento do “Bilongo”, uma contranarrativa ao discurso das missões científicas empreendidas nas ex-colônias. “Com isso, vamos elaborar um mapa em terreiros de umbanda, candomblé, jurema, santeria e palo monte para registrar os usos de ervas e de benzos, compreendendo que doença e cura têm outra dimensão àquela descrita pela alopatia ocidental.”
Na parte político-cultural, ela conectou o grupo Yoka Kongo, fundado há 15 anos por músicos e instrumentistas congoleses, cubanos e brasileiros, ao Vibe, empreitada que situa Portugal, África Central e Américas num mesmo complexo artístico em torno do Atlântico, interligando legados musicais e ontológicos silenciados pela indústria fonográfica. “Faremos um levantamento das musicalidades de matrizes africanas em contexto de fé em Portugal e na Espanha, produzindo uma cibercartografia dos afetos musicais.”
Se ela deixou o Maranhão no passado? Nada disso! No quilombo de Damásio, ela toca “Saberes Ancestrais, Sabores Locais. Agricultura Familiar e Novas tecnologias”, cuja intenção é o resgate do uso ancestral de sementes, plantações, produção e segurança alimentar, e a implementação das técnicas orgânicas e da criação da feira municipal.
Quando perguntada como é ser uma mulher branca inserida dentro de questões racializadas, ela responde: “Nem sequer coloco isso como uma questão, pois racismo é problema da branquitude, criado e alimentado por ela. Enquanto não tivermos letramento racial, não formos suficientemente alfabetizados para ler essas outras gramáticas, não teremos condições de discussão séria sobre racismo e políticas de reparação. Para termos uma sociedade justa, a primeira atitude é nos darmos conta e sermos capazes de ler os racismos. Admitirmos que estamos dentro de um sistema construído para oprimir muitos e beneficiar alguns.”
O post Mulheres que Inspiram: Ana Stela Cunha apareceu primeiro em Harper’s Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.

Clique para comentar

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos Relacionados

Lifestyle

Natural ou normal?!FreePik Quando nascemos, temos uma total aceitação do que somos… aos poucos, vamos tomando contato com impressões do meio externo sobre nós…...

Moda

Especialista explica como incorporar o brilho nos seus looks do dia a dia e transformá-los em produções fashion

Gastronomia

Conheça fatos interessantes e curiosidades sobre a pipoca, esse alimento tão amado por todos na hora de um cineminha

Lifestyle

Descubra qual o corte de cabelo mais usado em cada país Veja os estilos que mais fazem sucesso no momento na França, Itália, Estados...