Conheça a Bode, marca nova-iorquina que conquistou Harry Styles
Coleção de inverno 2022 da Bode – Foto: Divulgação
Emily Adams Bode Aujla herdou a paixão pelo vintage de sua mãe, que influenciou igualmente suas irmãs. As idas a mercados de pulgas e as coleções criadas com os itens comprados em feiras de antiguidades eram programas de família que construíram a base da Bode, marca homônima da designer que busca recontar e preservar heranças por meio do uso de materiais e técnicas milenares. Para isso, Emily construiu para si um extenso arquivo de matérias-primas, unindo de colchas de retalhos a delicadas rendas que, em suas mãos, se transformam nos potentes looks que conquistaram nomes como Harry Styles e Jay-Z.
Logo na primeira coleção, a designer provou que pretendia tomar o caminho oposto ao de suas concorrentes, que buscam tão avidamente a modernização. “Obviamente, há um componente incrível de reuso ao utilizar materiais antigos que seriam descartados. Mas é muito importante destacar as técnicas e métodos históricos de fazer roupas, bordados e artesanatos domésticos que seriam esquecidos”, afirma em entrevista à Bazaar.
A pesquisa e a manutenção desses materiais fazem parte da essência da Bode e ganham nova vida nas mãos de Emily. O storytelling é o principal recurso usado pela designer para amarrar todas as referências que constroem o estilo da etiqueta. “Sempre começa com uma narrativa. Quer seja um relacionamento pessoal que tenho com um amigo próximo ou mentor, com donos de antiquários e galerias, ou até mesmo com meu marido. No passado, fizemos coleções que foram um olhar introspectivo sobre minha vida, como a do meu casamento. Escolho tecidos – temos um extenso arquivo de materiais – ou pesquiso sobre uma era específica que tenho em mente”, conta a designer sobre seu processo criativo.
Coleção de pre-fall 2022 da Bode, inspirada no casamento de Emily Adams e Aaron Aujla – Foto: Divulgação
O pre-fall 2022 da marca é um bom exemplo de como ela consegue unir todas as referências em uma coleção coesa, inspirada em seu casamento com Aaron Aujla, seu parceiro de vida e de negócios. Para os quatro dias de celebração, Emily criou cerca de 250 peças para seus amigos e família, incluindo vestidos para suas madrinhas feitos com xales usados para proteger pianos. As tradições Punjabi da família de seu marido e o toque sulista de sua criação se traduzem na união de smokings, bordados com pedrarias, franjas e tons terrosos.
Um elemento na trajetória da fundadora da Bode foi vital para firmar a base da marca: sua formação dupla em Design de Moda masculino e Filosofia. “Não acho que, se não tivesse estudado Filosofia, seria tão natural para mim criar narrativas. É algo que sou igualmente apaixonada. Comecei a fazer moda masculina na faculdade, porque pensei que seria mais interessante criar para outra pessoa além de mim, para que pudesse ter uma imagem bem clara do tipo de cliente para quem queria fazer roupas e mudar a maneira como eles compravam e usavam as peças”, conta Emily sobre suas escolhas acadêmicas.
Emily Adams, fundadora da Bode – Foto: Getty Images
Foi unindo seus conhecimentos que a estilista conseguiu criar uma marca que rapidamente chamou a atenção do público e da crítica. Há apenas seis anos à frente da etiqueta, Emily conquistou diversos prêmios, como o de Designer de Moda Masculina do CFDA Fashion Awards, e do Conselho de Designers de Moda da América, que levou para casa por dois anos consecutivos.
Além disso, ela se tornou referência para mulheres que trabalham na mesma área, conquistando marcos como ser a primeira designer a apresentar uma coleção na semana de moda masculina de Nova York. “A marca inspirou outras mulheres, que estavam resistentes a entrar na indústria de menswear, a se sentirem mais confiantes. Não há muitas de nós. Era muito difícil no começo porque não havia empreendedoras com quem pudesse conversar e ter conselhos”, lembra Emily, que acredita que o cenário já mudou.
Coleção de inverno 2022 da Bode – Foto: Divulgação
Com a expansão da linha ready to wear, Emily precisou buscar novos modos de manter o DNA artesanal sem precisar depender dos materiais que encontrava em sua minuciosa curadoria. “Temos basicamente duas coleções, uma com antiguidades e outra com reproduções. Sinto que ambas são formas de preservar nossa cultura e história”, conta.
Esse desejo de valorizar heranças têxteis e culturais faz com que a marca ultrapasse barreiras geográficas e sociais e, com a ajuda de grandes nomes que adotaram seu estilo, atinja um público inesperado. “O alcance de celebridades é tão amplo e tão nichado ao mesmo tempo. Atinge pessoas que não necessariamente olham para a moda de luxo ou que não moram em Nova York. Uma celebridade pode usar uma peça de uma forma diferente, que abre a imagem da marca. É sobre comunicação e atingir um mercado maior”.
Em 2021, nasceu a Bode Tailor Shop, onde clientes podem contar com o trabalho de um alfaiate, que altera e conserva as peças assinadas por Emily, ao mesmo tempo em que saboreiam um café passado na máquina, que representa a trajetória de um antigo comércio da região, que ela e o marido resolveram abraçar após a desistência do dono antigo. A criação de espaços que vão além do consumo, mas se tornam parte da comunidade em que estão inseridos, é o principal objetivo da marca para 2023. Quando questionada se imagina uma linha dedicada ao guarda-roupa feminino com a etiqueta da Bode, Emily revela que metade dos seus clientes são mulheres e que nunca diz nunca.
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