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César Veiga explica o uso de neurociência e tecnologia na produção de fragrâncias

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César Veiga – Foto: Divulgação
Como um cheiro pode influenciar o seu dia? Pode parecer pouco, mas um aroma pode te transportar, trazer vida a lembranças guardadas no fundo da mente. Mas essa não é a única função de uma fragrância – a escolha de qual usar também é uma forma de se apresentar ao mundo. Por isso, o mercado dos perfumes se renova a cada dia e, com o avanço da tecnologia, oferece experiências inimagináveis dentro de um frasco.
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“Com base num maior potencial investigativo permitido pela inovação, conseguimos, por exemplo, identificar aromas ainda não sentidos, como o desabrochar de uma flor em uma região específica do mundo. E, o melhor, já temos tecnologia para reproduzir esse novo aroma”, conta César Veiga, novo e primeiro perfumista da história do Grupo Boticário.
Há 25 anos no ecossistema de beleza, César fez parte do desenvolvimento de ícones da perfumaria do Grupo Boticário, como Malbec e Lily, e das recentes inovações, como a primeira fragrância do mundo desenvolvida com ajuda da Inteligência Artificial. O especialista assume o cargo junto com a implementação do Centro de Pesquisa do Olfato, que nasce com o desejo do Grupo de entender melhor quem passou pelo processo de anosmia (perda de olfato).
“Sabemos que as fragrâncias estão diretamente atreladas a emoções e a neurociência é uma ferramenta importante para entendermos como os aromas atuam em nosso cérebro e em como nosso consumidor as interpreta inconscientemente”, afirma César sobre a importância de alinhar os estudos à produção de novas fragrâncias.
Em entrevista à Bazaar, o especialista dá detalhes destas inovações, analisa tendências e compartilha um pouco dos projetos que está tocando:
Harper’s Bazaar – A evolução da perfumaria é muito tecnológica. Como equilibrar essa característica sem abrir mão do fator sentimental das fragrâncias?
César Veiga – Não vejo a tecnologia como uma antagonista às emoções, mas como uma força complementar. Justamente para manter esse aspecto relacionado às emoções que o processo de criação de fragrâncias tem como ponto de partida o estudo prévio sobre tendências e comportamento do público-alvo, que traz análises de oportunidade, hábitos de consumo e necessidades do consumidor. A tecnologia entra, nesse processo, como uma ferramenta que permite mensurar as emoções e sensações geradas durante o uso de um novo produto, por exemplo, nos auxiliando a compreender e a surpreender os nossos consumidores, mantendo, assim, o fator humano como base.
Quais são as tecnologias mais interessantes do momento?
Não há dúvidas que o incremento da tecnologia e o avanço das pesquisas também impactam a criação de fragrâncias. Atualmente, temos conhecimento sobre os mecanismos de atuação dos cheiros em nosso cérebro, algo que não sabíamos há 45 anos. Com base num maior potencial investigativo permitido pela inovação, conseguimos, por exemplo, identificar aromas ainda não sentidos, como o do desabrochar de uma flor em uma região específica do mundo. E, o melhor, já temos tecnologia para reproduzir esse novo aroma.
Como a tecnologia pode ser uma aliada da sustentabilidade?
De diferentes formas, desde a utilização de matérias-primas de fontes naturais e renováveis, aproveitando, conservando e replantando as riquezas que a flora brasileira nos proporciona, passando pelo não teste em animais, com a pele artificial, e chegando ao nosso programa de logística reversa, o BotiRecicla.
Qual é o sentimento de se tornar o primeiro perfumista do Grupo Boticário? Quais serão os principais desafios?
Posso dizer que é uma mistura de sensações: alegria, responsabilidade e realização. Sinto muito orgulho por ser escolhido para representar essa empresa, que é reconhecida pelos nossos consumidores, há 45 anos, pela qualidade de suas fragrâncias e da qual sinto muito orgulho em fazer parte. Agora como perfumista, vem a sensação de realização de uma carreira de mais de 25 anos dedicados ao universo dos cheiros, das sensações e das memórias que elas provocam na vida das pessoas. Comecei a minha trajetória como estagiário no laboratório de desenvolvimento de perfumaria de O Boticário, quando me formei em Farmácia e Bioquímica, e posso dizer que tenho uma bagagem robusta tanto na perfumaria, quanto dentro da companhia. São anos de estudo e trabalho, aperfeiçoando técnica, aliada à criatividade, para desenvolver a arte das fragrâncias. Algo tão abstrato e ao mesmo tempo tão presente na vida de todos.
A partir de agora estarei à frente das marcas do Grupo Boticário, caminhando ao lado das Casas de Fragrâncias parceiras e dos nossos laboratórios de especialidades, com uma perspectiva focada em inovação. Para os próximos lançamentos, continuaremos a surpreender nossos consumidores com produtos inovadores e exclusivos, mantendo a qualidade já reconhecida e ampliando o número de matérias-primas proprietárias do GB.
Como o estudo da neurociência pode ajudar na criação de perfumes? Me conta mais um pouco deste projeto?
Sabemos que as fragrâncias estão diretamente atreladas a emoções e a neurociência é uma ferramenta importante para entendermos como os aromas atuam em nosso cérebro e em como nosso consumidor as interpreta inconscientemente. É por meio dela que conseguimos comprovar a eficácia de tecnologias e ativos e decifrar se estão, de fato, gerando a sensação que desejamos e alinhado ao conceito do produto. Este é um recurso que nos permite, inclusive, conhecer melhor os diferentes perfis de consumidores, afinal cada marca, cada linha tem seu público específico. No entanto, há um ponto em comum em todos eles: a preocupação com a performance dos cosméticos. Em perfumaria, podemos dizer que esse desempenho vai além da duração e da potência das fragrâncias, incluindo atributos mais subjetivos, como a memória olfativa (sobre a qual falamos anteriormente), ou mesmo o contexto social, a moda, o clima. São muitas as variáveis que impactam a escolha do aroma, quando estamos falando de fragrâncias.
Qual é o trabalho do CPO?
O Centro de Pesquisa do Olfato (CPO) nasce da sensibilização da marca e do Grupo com a crescente anosmia (perda de olfato), à época da pandemia de Covid-19, sendo totalmente dedicado ao estudo do olfato – um dos nossos sentidos mais complexos. O Centro tem quatro pilares principais: ciências das emoções, diversidade sensorial, futuro do olfato e disseminação do conhecimento. Por meio de pesquisas e tecnologia, o Centro objetiva fomentar e difundir conhecimento sobre o tema, indo além da criação de uma fragrância e fomentando a ciência, deixando uma contribuição social à medida que busca entender melhor como o nosso corpo percebe os aromas.
Para tanto, dispomos de uma estrutura de redes de laboratórios moderna, conduzida por um time multidisciplinar – médicos, neurocientistas, farmacêuticos, pesquisadores, experts em perfumaria. Contamos, ainda, com técnicas analíticas, como cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas e a olfatometria, nosso nariz digital, que consegue traduzir em números e dados químicos as percepções olfativas, o que nos permite ter uma avaliação muito mais completa e robusta dos nossos produtos. Além disso, temos laboratórios de avaliação sensorial, com equipamentos que simulam a performance de fragrâncias e que permitem o treinamento e capacitação de experts da perfumaria, laboratórios de observação comportamental do consumidor, laboratório de neurociência para estudo das emoções, além de todo o suporte das demais áreas do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Boticário, que fica em São José dos Pinhais.
Quais resultados de pesquisas entre olfato e bem-estar pode compartilhar com a gente?
Podemos destacar o estudo de fragrâncias que podem trazer bem-estar geral, como a melhora de humor, por exemplo. Há ainda o estudo batizado de “becks-experiência-em-frescor”, que visa estimular o cérebro a entender o cheiro por outras vias, que não o olfato, como o som. Desenvolvemos também o treinamento olfativo para pessoas com deficiência visual, com o intuito de inseri-las no mercado de trabalho por meio de uma habilitação para atuar na área de avaliação sensorial do Grupo Boticário.
Também precisamos falar sobre o papel que a neurociência proporciona ao realizarmos estas pesquisas, pois ela permite acessar as respostas cerebrais que muitas vezes não são verbalizadas, mas são sentidas por ele diretamente. Geralmente, o que fazemos nos estudos com consumidores é avaliar as respostas (de forma explícita). Então, por meio da neurociência conseguimos as respostas implícitas cerebrais que, muitas vezes, não são verbalizadas, mas sentidas e experimentadas.
Falamos muito sobre tendências de moda e beleza, como são identificadas as tendências relacionadas a fragrâncias?
Existem estudos, pesquisas e análises de tendências e de mercado atual, utilizadas para entendermos o comportamento e o gosto do consumidor. Estes são fatores de suma importância para que sejamos cada vez mais assertivos em nossos produtos. Um exemplo bastante emblemático de como essas tendências podem ser identificadas, é por meio do cenário social. Passamos recentemente por uma pandemia (com a qual ainda precisamos lidar, mesmo que em menor escala). No começo dela, foi preciso ficar em casa e isso fez com que fragrâncias mais leves e confortáveis, que geram a sensação de acolhimento, ganhassem destaque e escolha dos consumidores. Com a vacinação e todos os cuidados, hoje vivemos um cenário diferente, de reabertura, o que fez com que o objetivo das pessoas mudasse, elas querem mais espalhar a felicidade de estar vivas, querem ser vistas, notadas transmitir isso através de fragrâncias mais alegres, voltaram a querer transmitir poder, sedução e força, o que traz à luz aquelas fragrâncias mais fortes e marcantes.
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