Carnaval: Alexia Hentsch cria acessórios de cabeça maximalistas
Foto: Reprodução/Instagram/@alexiahentsch
Uma das partes mais gostosas do Carnaval é poder se jogar na extravagância – e se precisássemos eleger um nome especialista neste maximalismo carnavalesco, com certeza seria Alexia Hentsch. Nascida no Brasil e criada em Genève, a designer retornou ao Brasil em 2016 para fazer o figurino da abertura das Olimpíadas e foi então que pude viver o Carnaval verdadeiramente pela primeira vez. “Tive muita sorte de conhecer uma galera que era muito do bloco de rua, então, fui muito bem apresentada”, conta.
Criadora da marca masculina Hentsch Man, fechada em 2015, Alexia se jogou na festa mais colorida brasileira e fundou uma marca especializada em bodys para o evento. Depois de algum tempo criando as peças, assumiu um desafio mais divertido: os acessórios de cabeça feitos com materiais inusitados. A irreverência foi tanta que chamou a atenção de fashionistas e marcas, resultando em convites para criar colaborações com nomes como Loungerie e, neste ano, C&A.
“Compro muita tralha e venho para o meu estúdio, onde fico pensando, desenhando, colando, até chegar em cabeças. Costumo criar sem ter um cliente em mente, sem um porquê comercial e, se achei que ficou legal, eu posto”, detalha
Reis Rodrigues usando modelo disponível na NK Store – Foto: Reprodução/Instagram/@nkstore
Alexia trabalha sob encomenda, com pedidos feitos após os clientes verem suas últimas criações nas redes sociais. Mas, neste ano, produziu algumas peças que ficaram disponíveis na NK Store. Batemos um papo com a designer para saber mais sobre este projeto que alcançou de influenciadoras a museus – leia abaixo:
Como é sua relação com o Carnaval?
Sou apaixonada. Não cresci no Brasil, então, não tinha passado o Carnaval aqui. Vim trabalhar nas Olimpíadas em 2016, que foi meu primeiro Carnaval. Tive muita sorte de conhecer uma galera que era muito do bloco de rua, então, fui muito bem apresentada e desde então sou apaixonada. Amo o lado da rua, acho que a criação de cada um é muito especial. Também sou superfã do Sambódromo, não deixa de ser o melhor e maior espetáculo do mundo. Tenho orgulho que isso seja brasileiro e, a cada vez que a bateria passa, eu choro.
Foto: Reprodução/Instagram/@alexiahentsch
Como começou a criar as cabeças maximalistas?
Comecei a criar bodys, depois das Olimpíadas. Trabalhei na cerimônia de abertura, tinha acesso a uma mão de obra muito maravilhosa aqui no Brasil. Muitas pessoas que trabalharam com a gente para essa cerimônia eram, na verdade, do Carnaval. Então, conheci uma galera maravilhosa e comecei a fazer uma brincadeira de bodys para a festa, que deu muito certo. No ano seguinte, as pessoas começaram a me procurar muito para fazer essas peças, então continuei. Mas sentia que estava me repetindo um pouco. Então falei “preciso fazer outra coisa”. Comecei a brincar com as cabeças, que foram crescendo, crescendo e crescendo, até eu chegar em uma cabeça gigantesca que tive muito prazer em fazer. Quando a questão são as cabeças, faço eu mesma, não dependo de aderecista, de costureira, nem de ninguém. É realmente um momento de criação para mim: sento no meu ateliê e vou criando.
Foto: Reprodução/Instagram/@alexiahentsch
Como é seu processo criativo de confecção das peças?
Meu processo criativo sempre começa na rua. Vou para o Saara, no Rio de Janeiro, ou para a rua 25 de Março, em São Paulo, e começo a olhar as coisas. Pode ser tanto material de Carnaval mesmo, como pode ser material doméstico ou qualquer outra coisa. Começo a imaginar e isso é um começo da cabeça. Compro muita tralha e venho para o meu estúdio, onde fico pensando, desenhando, colando, até chegar em cabeças. Claro, tem repetição, porque faço encomendas. As pessoas já viram algo no meu Instagram e querem uma cabeça de flores e tal, e faço muito. Mas os momentos mais criativos para mim são quando faço peças para mim, tarde da noite. Costumo criar sem ter um cliente em mente, sem um porquê comercial e, se achei que ficou legal, eu posto. Isso me dá uma respostas das pessoas se ficou bonito ou não.
Quais são os materiais utilizados?
São todos. Podem ser materiais de cozinha, renda de plástico… Gosto de usar coisas que não são esperadas, como um balão, uma colher de plástico. Já usei até vassoura. Qualquer coisa que chama a minha atenção, o mais original, o melhor.
Look da coleção “Domesticamp” feito com sacolas de feira – Foto: Reprodução/Instagram/@alexiahentsch
Quais peças mais te marcaram?
As peças que mais me marcam são as mais inesperadas. Por exemplo, fiz uma coleção pós-pandemia e, como a gente teve que passar muito tempo em casa e eu não tinha acesso a esses mercados que gosto de ir, comecei a olhar para dentro de casa. Comecei a enxergar beleza em materiais muito comuns do dia a dia, como uma toalha de mesa, cortina de chuveiro, tapete de banho, essas coisas. Criei a coleção em volta dessas coisas domésticas e o resultado, para mim, foi o que mais me marcou. Porque não é uma coisa que pensaríamos em fazer para coleção de Carnaval. Essas coisas originais são as que mais me marcam.
Colaboração entre Alexia Hentsch e C&A – Foto: Divulgação
Como é criar colaborações com outras marcas?
Acho legal criar com outras marcas, porque quando trabalho só para mim, tenho um caminho, uma cabeça, uma ideia. Quando você tem que trabalhar com outras marcas e outras pessoas, às vezes, pode te frustrar, porque você acha que sabe melhor, quer ir por esse caminho. Mas a verdade é que a troca com outras pessoas sempre te leva a um caminho inesperado, um caminho que você nunca ia chegar sozinho. Acho que fazer collabs é muito interessante. É óbvio que não pode fazer só isso, porque tem que ter sua própria criação também. Quando trabalho com uma marca maior, como, por exemplo, agora que trabalhei com a C&A, tenho acesso a equipes muito profissionais, o que é um sonho para quem cria. Porque tem equipe de produção que pode agilizar, tipo procurar materiais, fazer amostras, protótipos, tudo que em um ateliê menor é mais complicado. Então é realmente um prazer.
Como você gosta de curtir o Carnaval?
Para mim, na verdade, o Carnaval não é trabalho. Tudo até o Carnaval é uma correria brava que eu amo e é muito gostosa, porém, quando chega sexta-feira, é meu último dia de barracão, falo para todo mundo que encerro o meu trabalho às 20h. Aí saio para rua, deixo meu telefone em casa e não quero saber. Não tem mais trabalho, curto o Carnaval com muita paixão.
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